sábado, 6 de junho de 2009

TRABALHO DEONTOLOGIA MILITAR E COMANDO

CABO VERDE - FORÇAS ARMADAS - LOGÍSTICA


I N T R O D U Ç Ã O


A elaboração deste trabalho de deontologia tem como objectivo principal responder o pedido do professor da cadeira de Deontologia Militar e Comando e dar a conhecer um pouco das Forças Armadas Cabo-verdianas, bem como o funcionamento do sistema Logístico.

O trabalho em questão foi dividido em três partes:

-Cabo Verde
-Forças Armadas
-Logística

Na primeira parte, realçamos a importância da Independência Nacional e fizemos uma breve referência histórica e o enquadramento militar no território nacional.

A segunda parte, trata-se de organização, funcionamento e competência das entidades responsáveis pela defesa militar e pelas FA, bem como as categorias e postos militares.

Terceira parte, representa a Logística como o reflexo de um país pobre e sem recursos, e que para satisfazer as necessidades das Forças Armadas recorre à cooperação de países amigos.

Assim, não obstante as dificuldades encontradas, julgamos ter cumprido o nosso objectivo.


CABO VERDE

Cabo Verde, ex-colónia de Portugal, proclamou a sua Independência a 5 de Julho de 1975. A independência nacional, um dos momentos mais alto da História da Nação Cabo-verdiana, permitiu que Cabo Verde passasse a ser membro do pleno direito de Comunidade Internacional.

O território de Cabo Verde é composto:

Pelas ilhas de Santo Antão, São Vicente, Santa Luzia, São Nicolau,
Sal, Boavista, Maio, Santiago, Fogo e Brava, e pelos ilhéus e
Ilhotas que historicamente sempre fizeram parte do arquipélago de Cabo Verde;

Pelas águas interiores, as águas arquipelágicas e o mar territorial
definidas na Lei, assim como os respectivos leitos e subsolos;

Pelo espaço aéreo suprajacente aos espaços geográficos referidos
anteriores.

Para garantir a defesa nacional, contra qualquer ameaça ou agressão externas, Cabo Verde dispõe das FA que cabe cumprir as missões estabelecidas na Constituição.

As FA encontram-se localizadas nas ilhas de S. Vicente, Sal e Santiago, respectivamente, 1ª, 2ª e 3ª Regiões Militares.

As ilhas que compõem as Regiões Militares:

-1ª Região: S. Vicente (Sede), S. Antão e S. Nicolau;
-2ª Região: Sal (Sede) e Boa Vista;
- 3ª Região: Santiago (Sede Praia), Maio, Fogo e Brava


FORÇAS ARMADAS DE CABO VERDE

As Forças Armadas são uma Instituição permanente e regular, compõem-se exclusivamente de cidadãos Cabo-verdianos, e estão estruturadas com base na hierarquia e na disciplina, subordinando-se e obedecendo-se aos orgãos da soberania, nos termos da Constituição e da Lei.

As Forças Armadas têm as seguintes missões constitucionais:

-1- Às FA incumbe, em exclusivo, a execução da componente militar da defesa nacional, competindo-lhes assegurar a defesa militar da República contra qualquer ameaça ou agressão externa;

-2- As FA, sem prejuízo no disposto no nº 1, desempenham também as missões que lhe forem atribuídas, nos termos da Lei e nos seguintes quadros:

a)-Execução da declaração dos estado de sítio ou de emer-
gência;

b)-Vigilância, fiscalização e defesa dos espaço aéreo e marí-
timo nacionais, designadamente no que se refere a utilização
das águas territoriais e da zona económica exclusiva e a
operações de busca e salvamento;

c)-Colaboração em tarefas relacionadas com a satisfação de
necessidades básicas e a melhoria das condições de vida das
populações;

d)-Participação no sistema nacional de protecção civil;

e)-Defesa das instituições democráticas e do ordenamento
constitucional;

f)-Desempenho de outras missões de interesse público.

-3-Qualquer intervenção das FA só poderá ter lugar a ordem dos comandos militares competentes, cuja actuação se deve pautar pela obediência estrita às decisões e instruções dos orgãos de soberania, nos ternos da constituição e da lei.

A organização das Forças Armadas baseia-se no Serviço Militar Obrigatório e é única para todo o território nacional.

A estrutura das Forças Armadas compreende os Orgãos do Estado Maior e os ramos de exército e de Guarda-Costeira.
O funcionamento das Forças Armadas tem em vista a preparação para fazer face a qualquer tipo de ameaça ou agressão externa.
As Forças Armadas inserem-se na administração do estado através do Ministério da Defesa Nacional.



ORGÃOS RESPONSÁVEIS PELA DEFESA NACIONAL E PELAS FORÇAS ARMADAS

- Presidente da República;
- Assembleia Nacional;
- Governo;
- Conselho Superior da Defesa Nacional;
- Chefe de Estado Maior;
- Vice Chefe Estado Maior.

COMPETÊNCIA DOS ORGÃOS REFERIDOS

PRESIDENTE DA REPÚBLICA

a)-Comandante Supremo das Forças Armadas
b)-Presidir ao Conselho Superior da Defesa Nacional (CSDN)
c)-Nomear e exonerar, sob proposta do governo, o CEM e
VCEM das Forças Armadas
d)-Declarar o estado de sítio e de emergência, ouvindo o governo
e depois de autorizado pela Assembleia Nacional.

ASSEMBLEIA NACIONAL

a)-Organização de defesa nacional
b)-Estado de sítio e de emergência
c)-Restrição ao exercício de direitos por militares em serviço
efectivo.
d)-Bases gerais da organização, funcionamento e disciplina das FA


GOVERNO
  
a)-Propor ao Presidente da República a declaração da guerra e a feitura da paz;
b)-Tomar as providências que nos termos da Constituição e da Lei se mostrem adequadas em caso de declaração de guerra, de estado de sítio ou de emergência;
c)-Propor ao PR a nomeação do CEM e do VCEM das FA.

CONSELHO SUPERIOR DA DEFESA NACIONAL

O orgão consultivo, é presidido pelo PR e compõe de entidades civis e militares.
Ao CEM e o VCEM competem-lhes executar as deliberações tomadas em matéria da defesa nacional e das FA pelo governo e são responsáveis perante este pela preparação, disciplina e emprego das FA, bem como pela coordenação do exército e da Guarda-Costeira.
O CEM é o Chefe Militar de mais alto autoridade na hierarquia das FA, preside o Conselho de Comandos e é o principal conselheiro do Ministro da Defesa Nacional.
O CEM e VCEM são nomeados entre os Oficiais de patente não interior a Major.
Os Oficiais e Sargentos hierarquicamente agrupam-se em categorias e postos distribuídos de seguinte forma, por ordem decrescente:

1-Oficiais Comandantes
-Comandante da Brigada
-1º Comandante
-Comandante
2-Oficiais Superiores
-Coronel
-Tenente Coronel
-Major
3-Oficiais Capitães
-Capitão
4-Oficiais Subalternos
-1º Tenente
-Tenente
-Sub-Tenente
-Aspirante
5-Sargentos
-Sargento-Chefe
-Sargento Ajudante
-1º Sargento
-2º Sargento
-Sargento
-Furriel

O quadro de Oficiais Comandantes é fixo, extra carreira, sem acesso, nem promoções. Constitui uma dignidade do estado, com precedência sobre as restantes categorias hierárquicas nos actos e cerimoniais militares e civis.
O posto de Aspirante e de Furriel é atribuído aos alunos das escolas de formação, durante o estágio que se segue a conclusão do curso com aproveitamento.
No novo estatuto, a ser aprovado, prevê-se a criação do posto de Sargento-Mor.
A formação dos Oficiais e Sargentos basicamente tem sendo feita no exterior (Rússia, Portugal, Cuba) .
Os cursos de promoções são geralmente feitos em Portugal, EUA e Alemanha.
A Direcção das FA adoptara desde de 1991 o sistema português de preparação dos militares. Para efeito, Portugal no âmbito da cooperação com Cabo Verde remodelou o Centro de Instrução Militar de Morro Branco (CIPM) em São Vicente, tendo designado assessores militares para apoiar na preparação dos soldados.

LOGÍSTICA DAS FORÇAS ARMADAS DE CABO VERDE

A complexidade das operações militares e a dificuldade na obtenção e distribuição dos recursos, obrigue à Direcção das Forças Armadas a recorrer a cooperação de países amigos (Portugal, Rússia, Cuba, França, Brasil, Alemanha e EUA) para satisfazer parte das necessidades Logísticos.
A Logística para cumprir com sucesso as funções de Reabastecimento, Transporte, Manutenção e Evacuação e Hospitalização, tende manobrar com habilidade os princípios de Subordinação à manobra operacional, unidade de comando, simplicidade, previsão, economia e flexibilidade.
De acordo com o quadro orgânico a Logística organiza-se de seguinte forma:

-Departamento---------------Chefe - Tenente Coronel / Major
-Direcção---------------------Chefe - Major/ Capitão
-Divisão-----------------------Chefe - Capitão / 1º Tenente / Tenente
-Secção------------------------Chefe - Oficial Subalterno

Nas Regiões Militares a Divisão de Logística e Finanças está assim constituída:

a)-Chefe
b)-Adjunto do Chefe pelo Serviço de Finanças
c)-Adjunto do Chefe pelo Serviço do Material
d)-Chefe de Secção de Manutenção
e)-Chefe Posto Médico
e)-Tesouraria
f)-Escriturário
g)-Dactilógrafo

FUNÇÃO DE REABASTECIMENTO

A obtenção dos abastecimentos é feita através de:
-Ajuda externa (cooperação)
-Compra
-Requisição
-Exploração de recursos locais
O Reabastecimento dos abastecimentos das Regiões Militares e Orgãos do Estado Maior processa de seguinte forma:
-Apoio Directo
-Apoio Geral
O Fornecimento pode ser no Orgão ou na Unidade.
No mercado nacional ou estrangeiro são adquiridos, através de compras, as Classes I, III,VI, e partes das Classes II, IV, VII, VIII, IX e X, por cooperação das Classes II, IV, V e VII.
O armazenamento dos artigos e materiais é feito nos Depósitos e Armazéns do Departamento da Logística ou nos Armazéns das Regiões Militares.
O Depósito é o Orgão básico de armazenagem e fornecimento, e depende directamente do Chefe do Departamento de Logística do Estado Maior das Forças Armadas.

FUNÇÃO TRANSPORTE

O transporte é indispensável para fazer movimentar as Forças Armadas, executando o deslocamento táctico (teste de prontidão operacional) e administrativo.
Essa função abrange o deslocamento de pessoal, do material, bem como a sua direcção e a gestão do equipamento e instalação.
A gestão de transporte é baseada nos princípios de centralização, regulação, fluidez e flexibilidade, e utilização máximo dos meios, através de Departamento da Logística e dos Comandos Militares.
As Forças Armadas utilizam os seguintes tipos de transportes:
-Terrestre
-Marítimo
-Aéreo
Os transportes marítimos e aéreos são adquiridos por requisições.

FUNÇÃO DE MANUTENÇÃO

A função de Manutenção está destinada a conservar o material operacional, preparando o inoperacional e aumentando a sua vida.
A Oficina Geral das Forças Armadas, construída com ajuda Alemã, tem capacidade para realizar a manutenção programada e pós-avaria e os vários níveis de manutenção:
-Recuperação
-Assistência técnica
-Canibalização
-Troca controlada
- Troca directa
- Evacuação
Os níveis de manutenção podem ser de Unidade, intermédio ou de depósito.
As Regiões Militares asseguram os níveis de Unidade e intermédios. Em alguns casos recorre as Oficinas civis, ou evacuando o material para a Oficina Geral, sedeada na Praia, se revelar ser o mais económico e oportuno.

FUNÇÃO DE EVAQUAÇÃO E HOSPITALIZAÇÃO

A Logística assegura o apoio Sanitário, garantindo a obtenção, distribuição e manutenção dos abastecimentos de Classes VIII e evacuação e hospitalização nos hospitais civis ou estrangeiro.
O posto médico e enfermaria das Regiões Militares garante os cuidados primários de saúde aos efectivos, familiares dos militares e polícia da segurança pública, através das consultas e tratamento médico.
O Serviço Social das Forças Armadas assegura aos quadros militares e seus familiares 50% das despesas em medicamentos.
Os médicos e enfermeiros militares prestam apoios aos hospitais civis.

FUNÇÃO SERVIÇO

Está função abrange toda as actividades Logísticas não incluídas nas outras funções, por exemplo os serviços de construção, recuperação e manutenção de imóveis, alimentação, lavandaria, banhos e troca de fardamento e recolha de material.
No âmbito dessas actividades intervêm algumas entidades:
-Serviço de Saúde
-Serviço de Intendência
-Serviço de Finanças, etc.
Para suprir as necessidades poderão recorrer a requisição de serviços de empresas civis ou mercado local.
As Regiões Militares proporcionam aos Militares e seus familiares e a Polícia de Ordem Pública os serviços de Cantina e Bares.
Os lucros revestem para o Fundo das Regiões.


CONCLUSÃO

De tudo o que foi tratado neste trabalho de Deontologia Militar e Comando, se pode concluir o seguinte:
-Os princípios e funções de Logística Geral são
Adaptáveis às Forças Armadas de Cabo Verde,
apesar da descontinuidade das ilhas e dos fra -
cos recursos do país;
-A República de Cabo Verde dá uma importância
especial à cooperação com os países amigos, es-
pecialmente Portugal;
-As Forças Armadas têm sabido tirar vantagens
dessa cooperação;
-Dada a importância da cadeira de deontologia,
a escola deverá criar condições para melhoria
dos trabalhos.

Finalmente, resta-nos agradecer a todos quantos contribuíram para a elaboração e apresentação deste trabalho.
Obrigado.


Lisboa, Escola Pratica de Administração Militar (EPAM), 14 de Julho de 1995

1ºTenente António Santiago Oliveira


I N D Í C E

Introdução.........................................................1
Cabo Verde........................................................2
Forças Armadas de Cabo Verde.....................3
Orgãos da Defesa Nacional e F. Armadas.....4
Competências....................................................4
Hierárquia.........................................................6
Logística das Forças Armadas........................8
Reabastecimento..................................9
Transporte.............................................9
Manutenção........................................10
Evaq. e Hospitalização......................11
Serviços..............................................11
Conclusão........................................................12
Anexos:
-Mapa de Cabo Verde
-Organigrama das FA.

domingo, 31 de maio de 2009

LUIS CABRAL MORREU EM LISBOA

Primeiro presidente da Guiné-Bissau e irmão de Amílcar Cabral

LUÍS CABRAL MORREU EM LISBOA
Lisboa, 31 Maio – Luís Cabral, um dos fundadores do PAIGC e irmão de Amílcar Cabral, faleceu ontem, 30, na capital portuguesa, onde residiu há vários anos. Afastado da presidência da Guiné Bissau, através de um golpe de Estado liderado por “Nino” Vieira que, na altura, era Primeiro-Ministro, refugiou-se em Cuba, de onde partiria para Portugal porque Aristides Pereira, então Presidente de Cabo Verde, se opôs à sua vontade de residir cá.(fonte:Liberal online)